quarta-feira, 22 de maio de 2013

A Duque de Caxias que nós vivemos e queremos




Imagine você, morador de qualquer cidade mediana, num ônibus. Você sai da cidade do Rio de Janeiro, atravessando um rio - na verdade, uma galeria de esgoto a céu aberto. Pouco depois, você encontra, à sua esquerda, uma imensa piscina de esgoto, ladeada por casebres e puxadinhos. Lixo acumulado em paredes e esquinas. Usuários de crack abordando motoristas, à procura de algo para fomentar seu vício. Desembarca num projeto de terminal rodoviário, sujo e fedendo a urina, cujos arredores são repugnantes. Agora, imagine esta cena à noite: boa parte dos pontos de luz está queimado ou funciona mal. Pega um outro ônibus num local estranho, mal iluminado e vizinho a uma favela perigosa. Se a primeira impressão é a que fica, sua impressão é a pior possível. A vontade é de sair do local e nunca mais voltar.

Seja benvindo à oitava cidade mais rica do país: Duque de Caxias.


Essa cena que eu descrevi é a pontinha do iceberg da situação vivida por nossa cidade. Tudo bem, PIB não é proporcional à qualidade de vida. Assim fosse, São Paulo seria a melhor cidade do país para se viver. O que eu digo é que Duque de Caxias, queira ou não queira, já é uma cidade importante no mapa econômico nacional. Só que seus administradores e legisladores, historicamente, representam o que há de mais ultrapassado, de mais anacrônico, de mais nocivo à democracia. Nada melhor personifica a nossa liderança política típica que o saudoso Natalício Tenório Cavalcante de Albuquerque, que com sua capa preta e sua metralhadora Lurdinha, mandava, desmandava e escrachava em Caxias, ao mesmo tempo que se legitimava pelo seu prestígio por parte da população pobre e migrante, através do clientelismo e da construção de sua imagem como um político com "cheiro de povo", embora de povo, há muito tempo, só tinha o cheiro - e olha lá. Lembra algo hoje?


Pois é. Uma economia próspera e em crescimento e políticos que se legitimam através da exploração da miséria e da boa-fé do povo. Um dia, esse paradoxo iria cheirar mal. E o cheiro está começando a ficar insuportável (e não falo somente do lixo nas ruas de nossa cidade).


Outra explicação para o buraco negro que separa Duque de Caxias das cidades em situação econômica e populacional análoga a ela talvez resida na própria construção da nossa cidade quanto à sua geografia e formação populacional, que é comum às suas vizinhas. Nossa cidade, como todos sabem, é composta por sua matriz, em grande parte, de migrantes pobres vindos de várias partes do país. Pouquíssimas gerações separam esses migrantes da nossa população atual. E esses migrantes se instalaram em razão de um grande referencial: a cidade do Rio de Janeiro. Imaginem: uma população migrante, pobre e desamparada, que tentava ganhar a vida na cidade grande e só punha os pés em Caxias para dormir. Que identidade essa "cidade" construiu, à sombra de uma das mais famosas cidades do mundo? Como você vai lutar por um lugar pelo qual você não se identifica?


Por essa época, Duque de Caxias ganhou um grande apêndice econômico, a Refinaria Duque de Caxias (REDUC) e, de brinde, a vedação do direito de escolher seu prefeito por um bom tempo, uma vez que, em nome de uma suposta "segurança nacional", os milicos escolhiam a dedo outros milicos para tentar governar essa triste amálgama de gente carente. Vale se lembrar que a mão-de-obra especializada (qualificada, bem diferente do contingente populacional caxiense) morava bem longe daqui - e com razão. Caxias era a cidade onde as galinhas ciscavam para frente e se matava gente que as roubavam (vide Pedro Capeta, Mão Branca e congêneres). Após a abertura, finalmente voltamos a ter o direito de escolher nossos governantes... Porém, decepção após decepção, a impressão era a de que Dallas City era uma terra sem futuro.


Até que...


Chegou um senhor grandalhão e de fala grossa, de maneiras más e fama igualmente, cuspia e arrotava em público para lembrar a sua origem humilde e comum a de outros centenas de milhares de conterrâneos. Seu "cheiro de povo" sublimava sua aliança política com o então prefeito, um médico idoso e doente que não governava mais nem seu aparelho digestivo. Ao chegar ao governo, tenta colocar na cidade algo que lembra civilização: limpa ruas, ordena camelôs, manda guardas orientarem o trânsito e, mais tarde, asfalta centenas de ruas (sem redes coletoras de esgoto, pois "é do Governo do Estado") e constrói dezenas de pracinhas coloridas que fazem qualquer urbanista vomitar. Investimentos chegam, dando a Caxias um ar mais digno e, de quebra, mitigando um pouco a má fama que a cidade sempre teve.      


Com o sucesso e a reeleição, o poder subiu à cabeça do cidadão, e este começou a fazer muita besteira. Não fez seu sucessor e, quando voltou, seu estilo de governar não correspondia mais às necessidades da cidade e da sua população. Muita coisa mudou nesse meio tempo. A população da nossa cidade, de modo geral, já não é aquela população miserável de anos atrás. O poder aquisitivo melhorou (a famosa "classe C" do apedeuta), novas expectativas sobre o que ela quer para seu futuro surgiram. Mais do que ter "cheiro de povo", é necessário que o governante se adapte às mudanças e às vicissitudes. O que ele fez no passado não vai preservar seu prestígio, principalmente em relação ao eleitor mais jovem. E o pior aconteceu: Caxias voltou a ser a terra da vergonha - uma cidade com uma receita anual de R$ 2 bilhões, vizinha à nova Cidade Olímpica, que não consegue nem recolher o lixo e limpar as ruas. Algo inverossímil, mas é a realidade que nós duquecaxienses vivemos e sentimos.


Para mudar essa situação, precisamos que nós participemos ativamente da vida pública de nossa cidade e escolhemos governantes e legisladores que realmente tratem as questões sérias e estabeleçam planejamento, prioridades e metas. Notem que a maioria dos nossos postulantes a vereador se apresentam com nomes do tipo "Zé da Funerária", "Tia Fuzileide", "Jão da Peixaria", muitos analfabetos funcionais que no entanto insistem em levantar a bandeira da "çaúdi i inducassão" e fazem lembrar a triste mazela de que a política no Brasil se faz à base de graçolas. Fora isso, não elegemos um "salvador". Elegemos alguém que, assim espero, governe de maneira gerencial e democrática e que tenha a sua base através do diálogo e do respeito ao ser humano. E é isso que a nossa cidade precisa: acabar com o clientelismo, o patrimonialismo, o fisiologismo e tantos outros "ismos" que fazem a nossa cidade economicamente tão rica ser ao mesmo tempo tão pobre de virtudes. Ter um projeto de cidade, uma cidade para nós e para as gerações vindouras. E a Internet tem papel fundamental nesse processo de conscientização política.


A escolha é única e exclusivamente nossa. Não vamos enterrar anos de descaso e desmandos apenas num digitar de urna. Mais do que nunca precisamos escolher em qual das duas Duque de Caxias queremos viver: ou numa cidade rica, próspera e dinâmica ou numa cidade condenada à pobreza, ao atraso e à ignorância.


O transporte público de Duque de Caxias - Muito além das tarifas caras




Há um mês atrás, quando a Prefeitura autorizou o aumento das tarifas de ônibus (que já deveriam ter sido reajustadas desde o início do ano, em função da inflação no período), vieram as costumeiras correntes no Facebook demonizando a figura do prefeito em função do aumento. Tudo bem, mas há algo que vai muito além disso. Se o prefeito autoriza o aumento da tarifa, não é necessariamente porque ele é malvado e, junto com os empresários do setor, quer ver o povo sofrer por puro sadomasoquismo. Por trás do preço das tarifas - de fato, desproporcional - há uma série de complicações políticas e operacionais, vindas de um modelo de transporte público que é completamente ultrapassado para as necessidades da cidade e da nossa população.

Primeiramente, Duque de Caxias não é uma cidade plantada no meio do nada. Fazemos parte de uma aglomeração urbana de mais de 10 milhões de habitantes - o Grande Rio -, onde os limites municipais são muito mais políticos do que físicos. A maior parte das linhas de ônibus que circula aqui são intermunicipais. É impossível pensar numa política de transporte público sem levar em conta essa característica, assim como também é impossível que não haja diálogo e objetivos claros e em conjunto a serem seguidos pelas autoridades estaduais e municipais. Daí, partem-se incongruências graves.

Não existe nenhum motivo especial para que cada linha Centro-Distrito (Xerém, Saracuruna, Nova Campina etc.) tenha duas variantes - uma via BR-040/Maracanã (municipal) e outra via Lote XV (intermunicipal/DETRO), sendo que as segundas geralmente vivem vazias, gastando combustível e ocupando espaço desnecessário nas vias onde passam. Os custos operacionais de manter linhas deficitárias são passados, é claro, para o passageiro. É dessa forma que o morador de Xerém paga R$ 4,80 para ir para o Centro de seu próprio município enquanto o mesmo desembolsa R$ 2,95 para ir para Nova Iguaçu. Não existe um estudo de custo e fluxo de passageiros de forma a racionalizar as tarifas e torná-las justas ao bolso do usuário. As coisas se mantêm porque "sempre foram assim".

Itinerários bizarros são uma constante. Basicamente, estes são montados segundo a boa vontade dos empresários, como se eles fossem donos de uma atividade comercial (como uma padaria ou um restaurante) e não delegados de um serviço público que necessita ser regulado. Não existe ou nunca foi levado a conhecimento algum estudo sobre a dinâmica de passageiros que circulam nas linhas, os pontos de demanda e os itinerários dos mesmos. Temos excesso de linhas que abarrotam as ruas estreitas do Centro enquanto ligações perimetrais (bairro-bairro, sem passar pela região central) são pouquíssimas. O passageiro que quiser ir do Parque Beira Mar para a Vila São Luiz, bairros que distam pouco mais de um quilômetro em linha reta, são obrigados a pegar uma linha (a saber, 07 - Beira Mar x Santa Lúcia) cujo itinerário, sem necessidade, cruza vias congestionadas como a Av. Brigadeiro Lima e Silva.




Outro problema grave é a DESINTEGRAÇÃO entre os modais de transporte. Soa absurdo, aos olhos civilizados, como estações de trem como as de Gramacho, Saracuruna e do próprio centro não têm linhas nem terminais de integração. Não há qualquer tipo de hierarquização. "Terminais" de ônibus, como o do Shopping Center, são um maravilhoso cartão de visitas para uma cidade falida. Dentro da pretensão de que transporte público é um comércio, logo, deveria haver, nas mentes reacionárias que o gerem, concorrência. Só que hoje, 2013, a concorrência não é dos ônibus contra os trens, ou contra o transporte "alternativo". São todos contra os carros populares financiados em 60x ou das motos chinesas a 3 reais por dia. A frota de veículos particulares de Duque de Caxias aumenta a olhos vistos, mesmo que a nossa infrestrutura viária seja a mesma da época das carroças. O cidadão comum sabe que tornou-se muito mais econômico e benéfico ter seu pé-de-boi do que perder grande parte do seu dia dentro de um ônibus a custo de um preço absurdo, mofando 40 minutos no ponto debaixo de um sol quente e tendo que dar explicações para o chefe em razão de imprevistos não tão imprevistos.

Se o atual prefeito quiser marcar o seu nome como uma liderança política de fato, vai ter, sem saída, que fazer seu dever de casa dentro do contexto. Vai ter que usar de seu talento como mediador junto ao Governo do Estado, ao Poder Legislativo e aos empresários do setor e trabalhar junto a um corpo técnico apropriado - consta-se que ele encomendou um projeto de mobilidade urbana à Coppe-UFRJ, o que é uma boa notícia; porém, há de se por se isso é realmente algo sério na medida em que gere resultados verdadeiros. Algo tem de ser feito. Duque de Caxias ruma ao colapso devido a sua flagrante falta de planejamento urbano e não dá mais de brincar de faz-de-conta nem implantar medidas de última hora.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Dá vontade de mandar tomá-los naquele lugar!!!!


Tem horas em que, ao simples zapear da minha TV, a minha paciência torra. 

Depois do "Caso Isabella", agora é a vez da "Tragédia de Santo André". Após 100 horas de seqüestro, a polícia invade o apartamento da Cohab. A jovem Eloá, sob poder de seu ex-namorado, é alvejada. Trazida em estado gravíssimo para o hospital, não resiste a duas cirurgias e morre. Em seu enterro, multidões se aglomeram para solidarizar-se à dor de seus entes; muitas, inclusive, vieram de regiões distantes, sendo que até uma semana atrás muitos destes nem sabiam quem era a tal Eloá.

Para quem me conhece (e para os poucos que lêem este blog, que não é atualizado a meses), sabe que a minha indignação não provém da tragédia em si, mas da forma que ela vem sendo tratada pelos grandes meios de comunicação. O jornalismo das grandes redes de TV virou entretenimento, onde a informação dá lugar à emoção e à catarse, a troco da audiência e do lucro. O sequestro e a morte de Eloá viraram um extenso e impactante folhetim, onde vê-se o drama e a dor da vida real.

Engana-se, desta vez, que o bode expiatório é a (já não tanto)toda-poderosa Rede Globo. Sim, ela apela. Mas a minha hipótese é que o jornalismo da emissora, simbolizado pelo casal Bonner-Bernardes, tá ficando fichinha nesse aspecto perto de outras emissoras. A que vem se superando a cada dia (ou a cada "caso") que passa, é a nossa querida Rede Record de Televisão. Controlada pelo bispo Edir Macedo, da repulsiva Igreja Universal do Reino de Deus, me faz transparecer a hipótese de que o seu "jornalismo" quer demonstrar que o Apocalipse está próximo. Nos últimos dias, quem acompanha a Record acorda, toma café, almoça, lancha, janta e faz suas necessidades fisiológicas junto com Eloá, Nayara e Lindemberg. Qualquer pessoa, nessa ocasião, ou fica acompanhando o "caso", ou então perde a paciência e muda de canal. Ou desliga mesmo a TV.

Saindo do "Caso Lindemberg", me faz lembrar como o "jornalismo" dessa redezinha de TV me enoja. Dizem levar informação. Os jornais regionais da Record, ao menos aqui do Rio, são, ao menos na minha opinião, exemplos de como NÃO se deve fazer jornalismo. Na prática, são uma espécie de versão televisionada daqueles tablóides vendidos a R$ 0,50, que desde a sua estréia, vendem como água no deserto; a diferença é que enquanto esses jornalecos são curtos e concisos em suas "notícias", os telejornais da Record, além daquela estética pretensamente jornalística, por seu horário relativamente longo, costumam repetir as notícias mais "chapa-quente". Por exemplo, se no RJ no Ar (mundo-cão matinal) sai coisa do tipo "mulher morre de bala perdida na Tijuca", tenha certeza que a notícia será reprisada no Fala Brasil, no Hoje em Dia (em rede nacional, devido ao meu ver pouco esclarecido fetiche da grande mídia em mostrar a sanguinolência no Rio de Janeiro), no "Balanço Geral", no "RJ Record" (onde é reprisada pelo menos uma vez por bloco) e por aí vai.

Salve, salve Record. Jesus Cristo é o Senhor.

Não falei ainda daquela praga da Rede TV! ( ou ?). Feliz será o dia em que cassarem a concessão desta tevezinha mixuruca. Sônia Abrão é um urubu travestido de ser humano. Se eu disse acima que o jornalismo regional da Record era exemplo de como não fazer jonalismo, o programa da tia Sônia é um exemplo de como não se fazer TV, sob quase todos os seus aspectos. Ver um segundo de TV sintonizado no canal 6 (aqui no Rio), à tarde, é um exercício de auto-flagelação com o chicote da desgraça nossa de cada dia. Idem àquele gordo do Datena, do antigo "Canal do Esporte".

Tem horas que eu penso que o melhor canal de TV aberta atualmente no Rio (e no Brasil em geral) é a CNT.

Fonte das imagens: Fazendo Media (www.fazendomedia.com). Lá escreve-se muita coisa interessante dsse tipo, embora possuo algumas ressalvas minhas a o que eles escrevem.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Ruled By Devil

Desenterrando este blog, um assunto não tão novo, mas vale a título de enchimento de coisas inúteis. 

A carta que segue-se abaixo demonstra a "indignação" da "juventude brasileira" sobre o fim da "banda" RBD (Rasgamos a Bunda Dando):


''Excelentíssimo Senhor Presidete da República do Brasil;

"Venho por meio desta pedir o seu aapoio incondicional nesta luta na qual os jovens do país vque os governais travaram.
O excelentíssimo já até mesmo chegou a conhecer o RBD e sabe que são um símbolo da juventude brasileira e mundial.
Por favor, nos ajude sr. presidente com o seu apoio. O RBD não pode acabar assim, eles nos dão forças para juntos lutarmos por um mundo melhor onde possamos viver em paz.
Se for necessário corte relações comerciais com o México e mobilize toda América do Sul para que façam o mesmo, crie sanções ao México, não importe ou exporte até que o RBD esteja de volta.
Sem mais senhor presidente, esta carta está representando mais de 1 milhão de pesoas do seu país, um apelo de seu povo.
Nós vos agradeçemos pela compreensão e o tempo dispensado a respeito.

Assinado: Todos os fãs do RBD de norte a sul do Brasil"

Senhores (escassos) leitores deste blog, o que é necessário para que esses fãs (pré-adolescentes com eventuais graves problemas de sociabilidade ou psicológicos) retornem à normalidade?

a) Educação. Afinal, educação é a solução;

b) Surra de cinto, afinal rebeldia se cura com isso;

c) Psicólogos (psiquiatras nos casos mais graves);

d) Porrada;

e) Carinho e atenção dos pais;

f) Chicote;

g) A brasileiríssima Super Nanny;

f) Esqueci da surra?

Para equilibrar o excesso de energia negativa:

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Paranóia Paranóica - Volume 2: Corram para as colinas (ou para Miami, se preferirem)!!!!

Achei isso lá no Yorkut. O cara, provavelmente, expõe toda a sua bagagem "intelectual" no texto a seguir:

"
Sabe gente eu fico pensando comigo o seguinte e acredito que serve para vocês tambem, eu tenho o seguinte pensamento:

Eu so dou atenção para esse país porque nasci e vivo aqui e as poucas pessoas que amo algo em torno de 50 pessoas nasceram e vivem aqui, fora eu e essas pessoas que amo de alguma maneira por mim todo o resto não tem a menor importância.

Essa porcaria de país poderia se explodir, cair um meteoro e matar todos os brasileiros, assim todos os marginais, todas as pessoas dos Direitos humanos e todos os brasileiros poderiam morrer todos juntos ou todo mundo poderia virar marginal e roubarem, matarem e estuprar quem quisesse e todos seriam defendidos por essa turma maldita dos direitos humanos que certamente rachariam o bico com os assassinatos e estupros que aconteceriam no Brasil.

Todo mundo ser ladrão, assassino, estuprador, todo mundo se foder, quem sabe assim os brasileiros não tomam vergonha na cara e passam a andar armados e começam a matar bandidos, bandido matando bandido, brasileiro matando brasileiro.

Esse país é uma merda, só com bomba atômica para destruir esse povinho maldito, os americanos deveriam invadir esse país e matar todo mundo e colonizar com gente decente."

Estamos fodidos?

domingo, 30 de dezembro de 2007

Já passou o Natal, mas vale como reflexão...

Frase que não foi criada por mim, mas que eu achei sensacional (tirei do documentário do Massacration, na MTV):

"Sabem o que o Papai Noel disse para uma criança somali?

-Você não comeu direitinho neste ano, por isso não vai receber presentes neste Natal!"


Que 2008 seja um ótimo ano e Deus, Jesus Cristo, Buda, Nossa Senhora Aparecida, Oxalá ou quem mais quer que seja iluminem todos vocês!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Paranóia paranóica - estamos em guerra?


Há não muito tempo atrás, no site Ônibus Legal (excelente site do meu colega André Neves, que fala de maneira bem humorada e crítica sobre o nosso transporte coletivo - falarei sobre esse assunto mais tarde), tive uma discussão com um cavaleiro lá de Nilópolis, o André Luiz, sobre a depredação/queima dos ônibus que circulam em, sua maioria, nas áreas suburbanas do Rio (é, se fosse em Sampa, seriam "periféricas" =D). Num determinado momento da discussão, ele disse que a solução para o "poder paralelo" seria : "bandido tem q (sic) tomar tiro mesmo e ir para a vala". Parafraseando-o, no mesmo post ele me insinuou como "defensor dos bandidos, e por isso bandido também" e disse que "tenha seu amigo morto só por estar com a carteira de policial".

Respeito sua opinião, André Luiz. Só que esta parece estar inserida na lógica da guerra declarada, ou seja, se você não nos defende por argumento x ou y é porque, forçosamente, você apóia o inimigo que visa combater. É o subalterno obedecendo cegamente à ordem de seu superior, mesmo que essa ordem ofereça riscos para si e para seus companheiros. Já tive parentes que sofreram algum tipo de violência na rua (um tio meu, no qual uso o computador dele agora, já foi assaltado três vezes ou mais). Eu sou sim contra essa
"farra da bandidagem" que vemos nas nossas ruas. Porém, vale refletir: será que o mesmo meliante que assalta transeuntes, ônibus, bancos e rouba carros também, necessariamente, trafica armas e drogas (ou melhor dizendo, fabrica ou traz pra cá), pede dinheiro no sinal, joga aquele detergente diluído nos nossos pára-brisas (deixando-os mais sujos ainda), estupra mulheres, abusa crianças e etc.? Ou melhor dizendo: ele constitui um inimigo organizado, coeso e poderosíssimo, com regras e ideologia próprias, pronto para nos liquidar e tomar o Estado de Direito para si?

Em essência, vários podem estar enquadrados em mais de uma "modalidade" das que eu listei. Porém, vale lembrar que quem produz esse tipo de pessoa, no geral, é a própria sociedade. Por mais que os jornais e a TV falem que o Rio está literalmente em guerra, isso não é guerra, por mais que possa parecer. É a sociedade da nossa cidade, do nosso estado, do nosso país e quiçá do nosso mundo na sua forma mais grotesca de decadência moral, fruto dessa política mesquinha que alguns denominam "neoliberalismo" mas coloco como
"neolibertinagem". É a sociedade que coloca a pessoa boa como "otária" e a de mau caráter, mesmo que implicitamente, de "esperta". A sociedade que, através dos meios de comunicação de massa, apela 24h por dia para comprar, comprar e consumir, e que coisifica o próprio ser humano. A TV que apela para comprar o brinquedo, o carro ou o celular é sintonizada tanto no Alto Leblon quanto no Complexo do Alemão (ou como diria um professor meu da universidade, em SC e SC - São Conrado e Senador Camará).

E é claro que, se esse estado de medo e pânico se perpetua, é porque alguém se beneficia ou fatura com isso. Esse alguém é, em essência: os magnatas da mídia (mídia que lucra com a própria exploração comercial da ''guerra", ainda que condene-a - vide os jornalecos de baixíssimo nível, como um tal "Meia Hora", pertecente ao grupo O Dia), as indústrias de armamentos (pois é: mais confrontos, mais necessidade de armas e munições, mais vendas; vale lembrar que o prédio onde sedia uma importante editora, que publica a revista mais lida do país, fica num terreno de uma indústria de armas; não por acaso, na época do Referendo em 2005, essa revista pubicou uma edição cuja matéria de capa defendia explicitamente a continuação da fabricação e do comércio de armas, o famoso "NÃO" - que acabou vencendo; o principal argumento dos eleitores do "NÃO", defendido pela revista, foi justamente a idéia de que
"não adianta desarmar o cidadão de bem se não desarmarem os bandidos")

É, em suma, a indústria da paranóia e do medo. Segundo a linha de "pensamento" do medo, nosso grande inimigo, fortemente armado e coeso, está única e exclusivamente na favela. Temos de acabar com ele, não? Como eu disse há uns tempos atrás lá no Orkut: vamos acaber de vez com a violência. Exército nas ruas, botando seus fuzis na cabeça de quem bem entender. Aviões da FAB bombardeando as favelas. Explodir todos os presídios (com os presos dentro, é lógico). Prendendo e matando todo mundo que olhar torto para a polícia ou para as Forças Armadas. Quem passar dessa linha vai ter sua cabeça explodida. Vamos aprisionar os favelados em campos de concentração, e caso um cidadão de bem seja covardemente morto pelas forças do mal, praticaremos a Solução Final contra eles. Nada de habeas corpus e o cacete a 4 que esse povinho dos direitos humanos adora falar. Chumbo de HK-G3 neles também.

Pronto. Acabamos com a violência. Agora temos medo do Estado, mas é menos pior do que ter medo dos bandidos.

Ou então, uma solução mais simples: educação pública de qualidade, comprometida a formar cidadãos, produzir tecnologia e competitividade e mudar a mentalidade das pessoas para melhor. Solução mais barata, com certeza. Mas não dá tanta audiência nem tiragem de jornal, parafraseando a música da Classe Média. Nem dá tanto lucro para as indústrias de armas, ou para os traficantes de drogas (digo os chefões, aqueles que controlam a produção e transporte das drogas e que não moram em comunidades. Exemplo: o éter, produto químico fundamental para a produção de cocaína, é fabricada em sua quase totalidade pela grande indústria farmacêutica; sabiam disso?). Nem dá tanto prestígio para os políticos.

Caminho difícil? Sim. Mas um dia isso tem de mudar.